Stu Sutcliffe - The Beatles' Shadow


Stuart Sutcliffe: The Beatles'Shadow

por David Lister

31 de Outubro de 2001

O livro The Beatles' Shadow escrito por Pauline Sutcliffe, irmã Stu em 2001. Stuart tem um lugar curiosamente ilusório na história do pop, em minha opinião tão ilusório quanto o de Pete Best.
Mas Pauline Sutcliffe leva a história desses primeiros tempos muito mais além. Ela afirma: “A intensa amizade entre Stuart e John, com os seus muitos ”segredos” - alguns chocantes, alguns dolorosos - é crucial uma história - não contata - por trás do nascimento dos Beatles.”
E ele logo se torna evidente quais são esses "segredos" na verdade. O livro de Pauline Sutcliffe alega que seu irmão tinha uma relação homossexual com Lennon. Ela diz que o relacionamento terminou com uma furiosa briga entre os dois homens durante a qual Lennon teria chutado Stuart chutado na cabeça. Isto, ela afirma, pode ter levado, posteriormente, a hemorragia cerebral.
Por temer que sua estarrecedora afirmação ainda seja um pouco clara, ela a expõe em detalhes: "Creio que a hemorragia cerebral que custou a vida de Stuart foi causada por um dano infligido por John em um rompante de ciúme.”

"A autópsia revelou que Stuart tinha um afundamento em seu crânio, como resultado de um golpe ou chute. E poucos meses antes, John tinha maldosamente chutado o meu irmão na cabeça em um ataque continuado sem que tenha sido provocado. John era por vezes tomado por incontroláveis rompantes e podia entrar em erupção como um vulcão que resultava em violência instantânea, mesmo contra aqueles que ele amava.

"Quando esse ataque aconteceu, ele estava amargamente ressentido pelo romance de meu irmão com Astrid. Agora que Stuart tinha se afastado dos Beatles para concentrar-se em arte, John deve ter temido pelo final do relacionamento entre os dois."
As amargas revelações de Pauline não param por aí. Seu irmão teve uma clara influência sobre a imagem do grupo, diz ela, mas que eles o eliminaram do script. Mesmo assim, por insistência do John, o rosto de Stuart foi incluído na capa do Sergeant Pepper's e Stuart foi retratado em 1994 no filme Backbeat, a banda nunca reconheceu a influência de seu irmão sobre o grupo pop mais famoso do mundo.
Isso não deixa de ter um pouco de verdade. Os Beatles nunca foram rápidos em reconhecer as figuras que estiveram presentes no início da banda. Não há registro de que qualquer um dos membros sobreviventes tem sequer encontrado com Pete Best, demitido em 1962, desde o dia que ele deixou a banda. McCartney, Starr gostam de estar no controle de suas próprias histórias, assim como Harrison quando ainda vivo.
O caso de Sutcliffe é, no mínimo, ainda mais sensível. Afinal, Sutcliffe foi uma grande influência sobre a banda. Lennon o havia trazido para a turma, e era fascinado pelo carisma artístico do amigo. Desde 1958, quando Lennon tinha 17 anos e os dois adolescentes se tornam amigos, ele era, diz Pauline, hipnotizado por seu irmão. "Baixo e esguio, Stuart fumava Gauloises e usava óculos escuros, que lhe davam um ar de mistério".
Lennon gostava daquilo, e ele também gostava das idéias de Sutcliffe. John convidou-o para entrar para os Quarrymen, mas Sutcliffe odiava o nome da banda e sugeriu o nome The Beetles, como o do grupo de garotas ciclistas em seu filme favorito, The Wild One (protagonizado por Marlon Brandon). "John aceitou a idéia", diz Pauline, "tal como ele viria a adotar o corte de cabelo “mop top”, embora o nome da banda ainda fosse passar por várias mudanças, incluindo The Beatals e Silver Beetles, antes de assumir a sua forma familiar".
A alegação infinitamente de maior cunho criminal de Pauline diz respeito a um incidente, em Hamburgo, na Páscoa de 1961. Lennon, diz ela, "frustrado sobre a ameaça de perder o Stuart e as tensões na banda" socou seu melhor amigo, que caiu sobre a calçada. "Ele não teve tempo para se proteger. John foi tomado por um dos seus incontroláveis rompantes de raiva: ele atacou Stuart repetidas vezes, e o chutou na cabeça. Stuart estava coberto de sangue quando Lennon finalmente se acalmou. Ele olhou para baixo para Stuart e fugiu enojado e aterrorizado com o que ele tinha feito.”
Pauline afirma que seu irmão contou a ela sobre o incidente e embora isso tenha ocorrido 11 meses antes de sua morte por hemorragia cerebral, os médicos disseram que havia um afundamento na parte dianteira do crânio como o resultado de um "trauma". Apesar do ataque, ela diz que os dois continuaram amigos íntimos e trocaram cartas até a morte de Stuart.
Para Pauline, é claramente difícil aceitar o fato da exclusão de seu irmão de uma parte do crédito na história dos Beatles. Por que, pergunta ela, John e Paul tiveram obras expostas na Tate e Royal Academy quando Stuart, o mais talentoso artista dos três, não? A resposta, obviamente, é que eles são John e Paul. Mas isso é difícil de explicar para uma irmã que se sente ofendida por mais de quatro décadas.
E a história não tem final feliz. De repente, em meados da década de 1990, Pauline disse que ela recebeu um telefonema de um advogado representando os Beatles. O álbum Antology com faixa demo onde Sutcliffe toca em três canções. "Devemos-lhe um pequeno honorário", disse a ela. "Espera lá", ela respondeu, "se Stuart está nessas faixas, sua propriedade deve receber royalties, não apenas um honorário." O advogado insistiu então que não havia provas de que Stuart estava tocando nas faixas. Então, por que, então, pergunta Pauline, ele estava oferecendo uma taxa? Ela recebeu £ 70.000, das quais uma parte foi para a Universidade John Moores de criar uma bolsa para jovens artistas, em nome do seu irmão.
Tudo isto se acrescenta no mais amplo sentido que, apesar da imagem cuidada, os Beatles podem ter sido mais insensíveis do que eles gostariam de admitir. E talvez de forma significativa, McCartney e Sutcliffe não eram tão próximos: Pauline sugere que a concorrência pela amizade de Lennon pode ter sido a razão. Na verdade, os dois chegaram a brigar no palco em Hamburgo.

A tentativa de Pauline para ganhar reconhecimento tardio pelo seu irmão é improvável que seja arrancada uma resposta de McCartney e Starr, no entanto. Ela disse ao The Independent: "Os Beatles vão querer ignorar ou negar isso. Com este livro, como aconteceu com a propriedade de Stu [pinturas, cartas e recordações], que agora estou vendendo, gostaria de por um ponto final. Minha mãe me disse quando ela morreu para que eu não ficasse enredada com os Beatles, para não mostrar cartas ou recordações, mas também para promover Stuart como um pintor. Ela achava que os Beatles eram destrutivos e perigosos, e eu descobri que suas palavras eram verdadeiras.”
Agora, mais de 40 anos após a morte de seu irmão, uma irmã dedicada está querendo impor uma severa vingança.

Um comentário:

Anônimo disse...
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