Os Beatles, Jane Mansfield, Tarot e o Número "9"

Por Bill Harry do Mersey Beat

Jayne Mansfield, nascida Vera Jane Palmer na Pensilvânia em 19 de Abril de 1933, foi uma loira turbinada promovida por Hollywood como uma outra Marilyn Monroe. Ela foi percebida entre os fãs de rock 'n' roll por seu desempenho como a loira de forte sex appeal Jerri Jordânia, no filme “The Girl Can't Help It", um filme clássico que contou com uma galáxia de estrelas do rock, incluindo Little Richard, The Platters, Eddie Cochran, Gene Vincent e Fats Domino.
The Beatles até interromperam uma de suas sessões de gravação no Abbey Road para se reunirem n a casa de Paul próxima ao estúdio na Cavendish Avenue para assistir ao filme quando foi exibido na televisão britânica.

May Mann, em sua biografia “Jayne Mansfield”, alegou que na primeira turnê americana dos Beatles, John Lennon mencionou que a estrela de um filme que queria ver era Jayne Mansfield. Um encontro entre a estrela e o grupo ocorreu no Whiskey-A-Go-Go, em Sunset Strip. Mann afirma ainda que John ficou irritado quando Jayne trouxe junto o marido e disse: "Eu só queria ficar sozinho com Jayne. Eu sonhei com isso."

Outras fontes sugerem que ele foi Paul, e não John, que fez o pedido originalmente. Talvez May Mann tenha se confundido, por conta da famosa fotografia do encontro no Whiskey com fotos de Jayne e John sentados juntos.
Todavia, a interpretação de Mann dos eventos foi diferente da de alguém que realmente os testemunhou - o jornalista Chris Hutchins.

Na verdade, quando os Beatles estavam hospedados nos arredores de Hollywood em Bel Air, foi Jayne, que vestida em um macacão inteiriço cor de violeta, que passou para vê-los na terça-feira, dia 25 de agosto de 1964. Diz-se que John era o único membro do grupo presente e ela puxou o cabelo de John e gritou: "Isto é de verdade?", ao que John respondeu, baixando os olhos para seus traços mais famosos, "Bem, os seus são de verdade?” “Só existe uma maneira de descobrir”, disse ela.

Hutchins estava com John no momento e relata que John se ofereceu para fazer coquetéis. Fora da vista de Jayne e um amigo que ela tinha trazido consigo, John despejou gin, vodka, vinho tinto, bebidas diversas em um batedeira - e, em seguida, urinou na mesma.

Jayne então pediu ao seu amigo para ler as cartas de Tarot para ela e John. Ele começou a lê-las, e depois as deixou cair com horror, exclamando: "Meu Deus, isso é terrível. Eu vejo um fim terrível para tudo isso. "John ficou furioso e jogou os dois para fora.

Ele sugeriu, então, a Chris, que se juntassem a George, no Whiskey-A-Go-Go na Sunset Boulevard, 8901.

Depois que eles já haviam chegado, de repente Jayne Mansfield entrou se apertou no meio deles, permitindo que os fotógrafos tirassem fotos. George ficou irritado e jogou uísque e Coca-Cola em um fotógrafo, mas um cubo de gelo atingiu uma outra atriz, Mamie Van Doren, no rosto. George disse: "Eu finalmente decidi batizá-lo atirando água de gelo do fundo do meu copo em cima dele." Uma imagem do incidente apareceu em um jornal no dia seguinte.

Os Beatles, em seguida, se levantaram para ir embora e antes de eles partirem John inclinou-se sobre Mansfield e contou sobre o ingrediente secreto que ele adicionara ao coquetel que ele havia feito em Bel-Air.
Jayne morreu em um acidente de carro dois anos depois, embora não tenha sido realmente decapitada como persistem os rumores. John lembrou-se da leitura do Tarot e ficou alarmado. Ele naquela época ficou obcecado com numerologia e, em particular, o número nove. Ele disse a Hutchins: "Jayne nasceu em 19 de abril e morreu em 29 de Junho. Abril é o quarto mês e junho é o sexto. Somando-se os dois números você obterá dez. Eu nasci no dia 9 de outubro, no nono dia do décimo mês. Ela morreu dois meses depois de seu aniversário, o que significa que eu vou morrer em um dia com um nove no mesmo, em dezembro.


Nota do Editor: Os inúmeros relatos sobre estes incidentes são confusos. Um relato afirmou que foi Paul McCartney quem solicitou um encontro com Mansfield, no entanto, ele nem sequer apareceu no Whiskey- A- Go -Go.

Alguns relatos afirmaram que João estava sozinho em casa quando Mansfield apareceu, enquanto outros mencionam que Ringo estava lá assistindo televisão. Na época Paul e George estavam na casa de Burt Lancaster assistindo o filme de Peter Sellers "A Shot in The Dark".
Houve também a sugestão de que John e Jayne estavam “tirando uns amassos” no carro a caminho do clube, mas isso seria improvável, uma vez que John os mandou embora da casa, ela e seu marido (ou "amigo”) e ela apareceu no clube depois que ele se juntou a George. Houve também menções que John ficou nervoso no clube quando Mansfield começou a colocar a mão em sua perna.

Derek Taylor, assessor de impressa oficial dos Beatles sugeriu que foi Mansfield, não John ou Paul, quem sugeriu o encontro. Ao mesmo tempo, lembrou, "Esta noite eu recebi um telefonema da atriz Jayne Mansfield, que queria conhecer os Beatles e ser fotografada com eles. Ela me assediou e queria muito conhecê-los, em sua casa, depois na nossa casa e posteriormente já aceitava que o encontro ocorresse em qualquer lugar. Eu disse a ela que tínhamos uma “regra de nada de fotografias com celebridades”, e que eu já tinha recusado até mesmo meus próprios amigos. Ela estava muita irritada.”

Mansfield foi citada como tendo dito: "Eu tive uma idéia brilhante onde passamos a noite no Whiskey - A- Go -Go na Sunset Strip. Ninguém estava lá, exceto nós e alguns amigos. "

O episódio Mansfield mostra como incidentes na vida dos Beatles são interpretadas de forma diferente por várias pessoas, algumas testemunhas, outros não. Será que solicitar um encontro com ela foi idéia deles ou foi ela quem insistiu sobre o encontro? John estava só quando ela telefonou ou Ringo estava lá? John foi para a Whiskey com ela, ou ela estava com o marido ou um namorado? Apenas John e George estavam no Whiskey ou Ringo estava lá também - e onde estaria Paul?
No entanto, o fato básico é que ela apareceu na casa nessa data, e ela esteve com eles naquela noite no clube.

George recorda-se do incidente: "Alguém no enganou para que fossemos ao Whiskey- A- Go- Go. Pareceu que nos levou vinte minutos para chegarmos da porta de entrada para a mesa e imediatamente a totalidade dos paparazzi de Hollywood desceu. Foi uma total armação por parte de Jayne Mansfield para ter fotos tiradas com a gente. Ela estava sentada entre John e eu e ela tinha as colocava as mãos sobre as nossas pernas, perto de nossas virilhas - pelo menos ela fez na minha. Nós estávamos sentados lá há horas, esperando para pegar uma bebida, nos deram copos com gelo, e o gelo tinha se derretido completamente. Um fotógrafo chegou e tentou obter uma imagem e eu joguei o copo de água nele. Ele tirou uma foto da água saindo do copo e ensopando a atriz Mamie Van Doren, que passava por ali de passagem. Saímos de lá e foi um o inferno. Deixamos a cidade e no dia seguinte, lembro-me de sentar no avião, lendo o jornal e lá estava a foto de mim jogando a água. "

Fonte:

http://www.triumphpc.com/mersey-beat/beatles/johnlennon-jaynemansfield.shtml

Sobre "Back in the USSR"


A música descreve um vôo ruim dos Estados Unidos à União Soviética a bordo de um avião BOAC (British Overseas Airways Corporation) e menciona a beleza das mulheres soviéticas, o som da balalaica e o prazer de estar de volta prá casa, para seu próprio país.
A música é uma paródia de "Back in the U.S.A." de Chuck Berry e "California Girls" dos Beach Boys e também contém um trocadilho com a música “Georgia on My Mind” de Hoagy Carmichael. McCartney canta sobre a República Soviética da Georgia enquanto “Georgia on My Mind” é descrita como sendo sobre o estado nos Estados Unidos ou uma mulher chamada Georgia. McCartney teve a idéia da música quando ouviu os Beach Boys, pois a mesma soava como California, sendo assim, ele decidiu escrever uma música que “soasse” como a União Soviética. O título foi inspirado em parte na campanha iniciada pelo Primeiro Ministro Britânico, Harold Wilson cujo mote era “I’m Backing Britain" (Eu estou “apoiando” a Grã-Bretanha. Chegou-se a ser sugerido que McCartney transformou esse slogan em "I'm Back In (backin') the U.S.S.R."

Uma reação conservadora estadunidense contra a música rapidamente se seguiu, citando a música como evidência de propaganda comunista por parte dos Beatles. As recentes declarações de McCartney de ter usado LSD (combinadas com as afirmações distorcidas de Lennon, no sentido de que “eram maiores que Jesus”) transformaram os Beatles no alvo de uma nova campanha anti-rock.

Em sua entrevista à revista Playboy em 1984, McCartney disse:
“Eu escrevi essa música como um tipo de paródia dos Beach Boys. E 'Back in the USA' era uma música de Chuck Berry, então a coisa meio que partiu daí. Eu simplesmente gostei da idéia de garotas da Georgia e de falar sobre lugares como a Ucrânia como se esses fossem na Califórnia, entende? Foi também um aperto de mão internacional, do qual eu tenho consciência. “Pois eles gostam de nós (Beatles) por lá, embora os dirigentes no Kremlin possam não gostar. Os jovens gostam. “E isso para mim, é muito importante para o futuro da raça”.

Marlon Brando e a Teoria sobre o Nome "Beatles"


Essa teoria surgiu durante o lançamento do Anthology em 1995. Lennon e Stu Sutcliffe eram grandes fãs de Marlon Brando e do filme sobre motoqueiros "The Wild One".

O filme "The Wild One" foi lançado em 1953, tem uma cena onde um jovem Lee Marvin e sua gangue de motoqueiros entram em uma pequena cidade que está ocupada por Brando e sua gangue "Black Rebels Motorcycle Club". Marvin insulta Brando e Brando o atira no chão e, em seguida, Marvin diz "nós tivemos saudades de você Johnny, os besouros tiveram saudades de você, todos os besouros tiveram saudades".

Acredita-se que esta citação foi uma influência sobre o nome do grupo. É bom lembrar que o Marlon Brando da fotografia do filme "The Wild One" é retratado na capa do álbum Sgt. Peppers.
Brando foi o homem nos anos 50, o filme foi um dos primeiros clássicos sobre motoqueiros rebeldes, baseado em uma história verdadeira de eventos em uma cidade da Califórnia em 1947. O filme foi uma grande influência sobre James Dean e Elvis Presley, que imitavam o visual e estilo de Brando. Fora deste filme também veio a moda dos bonés inclinados, jeans e jaquetas de couro.

Paul McCartney disse que fazendo uma investigação descobriu mais tarde que o termo "besouros" foi utilizado nos anos 40 por garotas motoqueiras, ou "chicks". No filme Marvin aponta para um bando de garotas motoqueiras que estão de pé atrás dele.

A cena mencionada nesse post se encontra no vídeo abaixo, em 1.26m. de exibição.

Stu Sutcliffe - The Beatles' Shadow


Stuart Sutcliffe: The Beatles'Shadow

por David Lister

31 de Outubro de 2001

O livro The Beatles' Shadow escrito por Pauline Sutcliffe, irmã Stu em 2001. Stuart tem um lugar curiosamente ilusório na história do pop, em minha opinião tão ilusório quanto o de Pete Best.
Mas Pauline Sutcliffe leva a história desses primeiros tempos muito mais além. Ela afirma: “A intensa amizade entre Stuart e John, com os seus muitos ”segredos” - alguns chocantes, alguns dolorosos - é crucial uma história - não contata - por trás do nascimento dos Beatles.”
E ele logo se torna evidente quais são esses "segredos" na verdade. O livro de Pauline Sutcliffe alega que seu irmão tinha uma relação homossexual com Lennon. Ela diz que o relacionamento terminou com uma furiosa briga entre os dois homens durante a qual Lennon teria chutado Stuart chutado na cabeça. Isto, ela afirma, pode ter levado, posteriormente, a hemorragia cerebral.
Por temer que sua estarrecedora afirmação ainda seja um pouco clara, ela a expõe em detalhes: "Creio que a hemorragia cerebral que custou a vida de Stuart foi causada por um dano infligido por John em um rompante de ciúme.”

"A autópsia revelou que Stuart tinha um afundamento em seu crânio, como resultado de um golpe ou chute. E poucos meses antes, John tinha maldosamente chutado o meu irmão na cabeça em um ataque continuado sem que tenha sido provocado. John era por vezes tomado por incontroláveis rompantes e podia entrar em erupção como um vulcão que resultava em violência instantânea, mesmo contra aqueles que ele amava.

"Quando esse ataque aconteceu, ele estava amargamente ressentido pelo romance de meu irmão com Astrid. Agora que Stuart tinha se afastado dos Beatles para concentrar-se em arte, John deve ter temido pelo final do relacionamento entre os dois."
As amargas revelações de Pauline não param por aí. Seu irmão teve uma clara influência sobre a imagem do grupo, diz ela, mas que eles o eliminaram do script. Mesmo assim, por insistência do John, o rosto de Stuart foi incluído na capa do Sergeant Pepper's e Stuart foi retratado em 1994 no filme Backbeat, a banda nunca reconheceu a influência de seu irmão sobre o grupo pop mais famoso do mundo.
Isso não deixa de ter um pouco de verdade. Os Beatles nunca foram rápidos em reconhecer as figuras que estiveram presentes no início da banda. Não há registro de que qualquer um dos membros sobreviventes tem sequer encontrado com Pete Best, demitido em 1962, desde o dia que ele deixou a banda. McCartney, Starr gostam de estar no controle de suas próprias histórias, assim como Harrison quando ainda vivo.
O caso de Sutcliffe é, no mínimo, ainda mais sensível. Afinal, Sutcliffe foi uma grande influência sobre a banda. Lennon o havia trazido para a turma, e era fascinado pelo carisma artístico do amigo. Desde 1958, quando Lennon tinha 17 anos e os dois adolescentes se tornam amigos, ele era, diz Pauline, hipnotizado por seu irmão. "Baixo e esguio, Stuart fumava Gauloises e usava óculos escuros, que lhe davam um ar de mistério".
Lennon gostava daquilo, e ele também gostava das idéias de Sutcliffe. John convidou-o para entrar para os Quarrymen, mas Sutcliffe odiava o nome da banda e sugeriu o nome The Beetles, como o do grupo de garotas ciclistas em seu filme favorito, The Wild One (protagonizado por Marlon Brandon). "John aceitou a idéia", diz Pauline, "tal como ele viria a adotar o corte de cabelo “mop top”, embora o nome da banda ainda fosse passar por várias mudanças, incluindo The Beatals e Silver Beetles, antes de assumir a sua forma familiar".
A alegação infinitamente de maior cunho criminal de Pauline diz respeito a um incidente, em Hamburgo, na Páscoa de 1961. Lennon, diz ela, "frustrado sobre a ameaça de perder o Stuart e as tensões na banda" socou seu melhor amigo, que caiu sobre a calçada. "Ele não teve tempo para se proteger. John foi tomado por um dos seus incontroláveis rompantes de raiva: ele atacou Stuart repetidas vezes, e o chutou na cabeça. Stuart estava coberto de sangue quando Lennon finalmente se acalmou. Ele olhou para baixo para Stuart e fugiu enojado e aterrorizado com o que ele tinha feito.”
Pauline afirma que seu irmão contou a ela sobre o incidente e embora isso tenha ocorrido 11 meses antes de sua morte por hemorragia cerebral, os médicos disseram que havia um afundamento na parte dianteira do crânio como o resultado de um "trauma". Apesar do ataque, ela diz que os dois continuaram amigos íntimos e trocaram cartas até a morte de Stuart.
Para Pauline, é claramente difícil aceitar o fato da exclusão de seu irmão de uma parte do crédito na história dos Beatles. Por que, pergunta ela, John e Paul tiveram obras expostas na Tate e Royal Academy quando Stuart, o mais talentoso artista dos três, não? A resposta, obviamente, é que eles são John e Paul. Mas isso é difícil de explicar para uma irmã que se sente ofendida por mais de quatro décadas.
E a história não tem final feliz. De repente, em meados da década de 1990, Pauline disse que ela recebeu um telefonema de um advogado representando os Beatles. O álbum Antology com faixa demo onde Sutcliffe toca em três canções. "Devemos-lhe um pequeno honorário", disse a ela. "Espera lá", ela respondeu, "se Stuart está nessas faixas, sua propriedade deve receber royalties, não apenas um honorário." O advogado insistiu então que não havia provas de que Stuart estava tocando nas faixas. Então, por que, então, pergunta Pauline, ele estava oferecendo uma taxa? Ela recebeu £ 70.000, das quais uma parte foi para a Universidade John Moores de criar uma bolsa para jovens artistas, em nome do seu irmão.
Tudo isto se acrescenta no mais amplo sentido que, apesar da imagem cuidada, os Beatles podem ter sido mais insensíveis do que eles gostariam de admitir. E talvez de forma significativa, McCartney e Sutcliffe não eram tão próximos: Pauline sugere que a concorrência pela amizade de Lennon pode ter sido a razão. Na verdade, os dois chegaram a brigar no palco em Hamburgo.

A tentativa de Pauline para ganhar reconhecimento tardio pelo seu irmão é improvável que seja arrancada uma resposta de McCartney e Starr, no entanto. Ela disse ao The Independent: "Os Beatles vão querer ignorar ou negar isso. Com este livro, como aconteceu com a propriedade de Stu [pinturas, cartas e recordações], que agora estou vendendo, gostaria de por um ponto final. Minha mãe me disse quando ela morreu para que eu não ficasse enredada com os Beatles, para não mostrar cartas ou recordações, mas também para promover Stuart como um pintor. Ela achava que os Beatles eram destrutivos e perigosos, e eu descobri que suas palavras eram verdadeiras.”
Agora, mais de 40 anos após a morte de seu irmão, uma irmã dedicada está querendo impor uma severa vingança.

Primeira Carta de John Lennon ao Pai Alfred


Esta primeira carta de John ao seu pai foi em resposta a uma nota de Freddie expressando seu pesar sobre o falecimento de Brian Epstein, que tinha morrido apenas quatro dias antes. A referência a 'Charles' é para o tio de John, Charlie Lennon, que tinha recentemente escrito a John revelando que tinha sido a gravidez de sua mãe Julia por outro homem, a verdadeira causa da separação de seus pais, algo que a Tia Mimi sempre o levou a acreditar que tivesse sido inteiramente culpa do seu pai.

Esta surpreendente revelação, combinado com o choque da morte de Brian e a recém descoberta da consciência espiritual de John (ele havia passado a semana anterior em Bangor com o Maharishi), tinha aparentemente dissolvido algumas de suas longas amarguras que ele guardava com relação a seu pai e resultou em mais uma abordagem conciliatória. Maliciosamente consciente do impacto que sua carta era susceptível de ter, John tinha rascunhou "Adivinha quem?" no verso do envelope.

Reproduzido em 'Daddy Come Home: The True Story Of John Lennon And His Father',
Pauline Lennon, Angus & Robertson, 1990.


'Dear Alf Fred Dad Pater whatever, Its the first of your letters I've read without feeling strange', and continuing '...I'm going to India a couple of months so I'll try and make sure we meet before then. I know it will be a bit awkward when we first meet and maybe for a few meetings but there’s hope for us yet. I'm glad you didn't land yourself with a bloody big family – it’s put me off seeing you a little more - I've enough family to last me a few lifetimes...P.S Don't spread it I don't want Mimi cracking up! (press I mean)', with original envelope postmarked 1 SEP 1967, the reverse annotated by John guess who?

«Caro Alf Fred Pai Pater seja lá o que for, é a primeira de suas carta que eu li sem me sentir estranho... eu vou para a Índia por alguns meses sendo assim eu vou tentar certificar-me que nos encontremos antes disso. Eu sei que será um pouco constrangedor quando nós nos encontramos pela primeira vez e talvez por alguns encontros, mas ainda há esperança para nós. Fico feliz que você não tenha arrumado uma maldita grande família – isso me deixa mais a vontade para vê-lo um pouco mais - Eu tenho problemas com família suficientes para outras vidas... PS: Não espalhe 'Não quero que Mimi fique tendo chiliques! (imprensa, quero dizer) », com carimbo original no envelope de 1º de setembro de 1967, o inverso da carta está anotado por John “adivinhe quem?”

Tradução: Sergio Machado (editor desse blog)

McCartney e os Fantasmas do Passado

Trecho de uma entrevista dada por Macca 1 hora antes do show em Tel Aviv, em setembro de 2008 a Mark Edmonds. Título da Matéria: “Sir Paul McCartney Confronta Seus Fantasmas do Passado “

Em 1971, Lennon lançou uma canção chamada How Do You Sleep? A mesma visava McCartney – um ataque bilioso e vituperativo ataque, o escarneando, acusando-o de possuir uma mentalidade de pequeno burguês suburbano e estar sob o controle de sua esposa Linda - "Você vive com caretas que lhe dizem que você era rei... Teimava quando sua mãe lhe dissesse qualquer coisa...”


O fato de George e Ringo também terem participado da gravação dessa faixa tornou as coisas ainda mais dolorosas. Para o seu crédito, McCartney tentou construir pontes, contatando Lennon quando ele estava em Nova York, mas fontes dizem que ele foi sistemática e rudemente rejeitado. Em 1972 eles realmente se encontraram brevemente - e friamente. O biógrafo de Lennon, Philip Norman, refere-se a uma trégua que logo se evaporou, embora McCartney ainda quisesse se comunicar. Ele ligava para Lennon regularmente, muitas vezes para ser saudado com "Que porra você quer, cara?" Por algum motivo Lennon estava particularmente irritado com a tendência de McCartney de falar sobre suas crianças. John disse que o homem que ele uma vez de forma indiferente descreveu como o melhor Relações Públicas no negócio tinha-se tornado "todas as pizzas e contos de fadas". É difícil escapar à conclusão de que Lennon poderia ser um desajeitado esnobe. Eles tocaram juntos apenas uma vez após a separação, na casa de Lennon em Santa Monica. McCartney e Linda chegaram e juntaram-se a uma Jam session formada de estrelas.


Os antigos amigos se reuniram pela última vez durante um incômodo jantar em Nova York aproximadamente dois anos antes da morte de Lennon: uma pessoa que esteve lá disse que eles não tinham nada a dizer um ao outro.


McCartney parece dolorosamente consciente da sombra que John ainda lança sobre a sua vida três décadas mais tarde. Ele iria viver para lamentar a incrível observação leviana que fez na TV quando perguntado sobre a morte de John: "Droga, né?" Um clipe disso acabou no YouTube; McCartney parece insensível, mas aqueles próximos a ele o defendem vigorosamente. McCartney estava em choque com a perda do seu amigo mais próximo desde sempre, dizem, e por uma vez a sua compostura o abandonou. Dois anos mais tarde, quando a BBC filmou McCartney gravando uma edição especial do Desert Island Discs, ele chorou quando falou sobre Lennon.


Ao longo de nossas conversas McCartney gosta de voltar ao assunto de Lennon. Existe o sentimento que a seu prodigioso e intenso, por vezes tóxicos, relacionamento nunca está longe de sua mente. Pergunto se ele nunca iria considerar tocar How Do You Sleep? de Lennon. Ele não morde a isca. "Talvez eu não fizesse isso. Duvido”, ele responde com um sorriso torto. Mas o inspira a uma tentativa de esclarecer, para envernizar o epitáfio e insistir que a amizade entre Lennon / McCartney sobreviveu e resistiu. "A resposta para John foi, bem - eu estava dormindo muito bem na época.”

Alfred Lennon - um pouco de sua história

A maior parte das informações desse texto, pós-1990 vem do livro “Daddy Come Home: The True Story of John Lennon and His Father” de Pauline Lennon, a segunda esposa de Freddy Lennon, o pai de John. O livro foi escrito principalmente utilizando a autobiografia não publicada de Freddy Lennon, que foi escrita durante o seu afastamento do John; Freddy queria dar o manuscrito à Lennon após a sua morte, para que John viesse a conhecer a verdadeira história de sua vida e o desmembramento de seu casamento com a mãe de John. Contrariamente a popular "lenda urbana", Freddy não abandonou John Lennon com cinco anos de idade, em seguida, e apareceu durante a Beatlemania com a mão para estendida. Freddie Lennon não era perfeito, mas ele fez inúmeras tentativas para manter seu casamento para o bem do John, assim como para ser um bom pai.

Poucas pessoas sabem que John Lennon tinha uma meia-irmã que desapareceu da face da terra. Durante a guerra, Freddy Lennon era um marinheiro mercante que regularmente enviada o seu dinheiro para sua esposa Julia e seu filho John. Freddy passava inacreditavelmente longos períodos de tempo no mar. Em 1944, Julia Lennon, mãe de John, iniciou um caso amoroso com um soldado galês chamado galês Williams, que estava estacionado em Liverpool. Ela já tinha em mente o divórcio Freddy. Julia engravidou de Williams.

Freddy veio para casa e para seu choque Julia estava grávida. Ele foi confrontar o soldado. Ele começou por dizer o soldado que ele ainda amava Julia. O soldado disse que ele queria se casar com Julia. Freddy sugere que os dois fossem conversar com Julia.

De volta à sua casa, Freddy fez a oferta que ele ia ficar ao lado de sua esposa e criar a criança como seu filho, mas Julia o rejeitou com um audacioso comentário. Freddy, em seguida, fez menção do bebê e do fato de que o soldado galês queria se casar com ela. Julia disse imediatamente o soldado galês para "sumir".

O soldado Galês Williams, estava em choque absoluto, tanto que Freddy e seu irmão mais novo Charlie se sentiram tão mal por ele que o levaram para tomar uma bebida para consolar o rapaz. O soldado disse que seus pais eram ricos e que ele tinha a certeza que iriam adotar o bebê. Freddy parecia acreditar que esta era uma boa idéia.

No entanto, Julia decidiu dar o bebê para adoção. Não só ela via o bebê como empecilho ao seu despreocupado estilo de vida, mas também a sua própria família estava pressionando-a para que abandonasse a criança, também.

Em 19 de junho de 1945, Julia deu à luz Julia Victoria Williams, que foi rapidamente adotada por um capitão norueguês. Os registros foram destruídos em Liverpool. John nunca soube que ele tinha essa meia-irmã até que ele fosse um adulto. Ele pediu a seus advogados para que colocassem anúncios em jornais noruegueses e contratou um detetive particular, mas nada aconteceu.

Naturalmente, muitas excêntricas fugiram da palavra trabalho alegando ser a meia-irmã de John. No entanto, em 1996, uma mulher norueguesa chamada Ingrid decidiu pesquisar sobre sua os registros de sua adoção e teve uma grande surpresa! Ingrid não tomou qualquer atitude até alguns anos mais tarde, porque ela queria esperar até depois da morte de sua mãe adotiva porque ela sentiu que, caso contrário teria magoado sua mãe demasiadamente. Ingrid tinha todas as provas documentais e só tomou a atitude de dar um tempo à coisa toda. Ela disse que se sentia lisonjeada em ter parentesco coma John Lennon, mas disse que sua família, mas que sua família adotiva era a sua verdadeira família. Ela seguiu carreira e trabalhou como gerente de uma empresa que fazia limpeza em casas sofisticadas e que estava muito satisfeita com sua vida. Ingrid retornou ao seu anonimato e nunca tentou tirar vantagens financeiras de sua conexão com John Lennon.

Tradução e organização de texto: Sergio Machado

A Carta de Julian Lennon Sobre os 20 Anos da Morte de John


Muitas pessoas têm me telefonado e mandado e-mails com perguntas sobre os Beatles, sobre papai e sobre quais são meus pensamentos no aniversário de 20 anos de sua morte. Eu decidi que quando os sinos badalares e os fogos forem queimados no fim do ano, em 2001, eu vou finalmente parar de falar sobre papai e sobre os Beatles para qualquer um exceto por dizer que eles foram uma grande influência em minha vida, musicalmente! Tudo já foi dito e eu não tenho mais nada o que oferecer. Eu sinto que, no passado, várias pessoas me consideraram um livro de conhecimentos sobre esta questão, o que eu realmente não sou! Eu nasci John Charles Julian Lennon, no dia 8 de abril de 1963 e vivi com meu pai biológico, John Lennon, por apenas alguns anos. Depois disso, eu só o vi um punhado de vezes antes que ele fosse assassinado. Tristemente, eu nunca conheci o homem realmente. Eu considero o trabalho que ele produziu incrível, assim como o que ele alcançou com seus três amigos, Paul, George e Ringo. Porém, seu trabalho não me deu uma visão clara do que sua vida realmente era ou sobre como ele se sentia a respeito.
A vida é difícil o bastante. Tentar achar a própria identidade a torna ainda mais difícil, especialmente quando não é permitido que você seja você. Como você poderia definir sua própria personalidade quando todas as pessoas exigem de você respostas sobre a vida de outra pessoa. Uma vida para qual você não tem respostas! Eu não sou John Lennon e nunca serei! Eu nunca vivi sua vida e nunca viverei! Ainda assim, muitas pessoas acham que eu tenho todas as respostas! Bem... Eu não tenho! Eu sinto muito por todas as almas perdidas que têm que procurar pela verdade fora de si próprias. Tudo vem de dentro, é só uma questão de entrar em contato com isso. Você se informa com o que vem de fora, mas você entende por dentro.
Passei por uma série de relações de amor e ódio com papai, se ele estava aqui ou não. Eu acho que é bem parecido com qualquer outro relacionamento, exceto pelo fato do nosso ser público e exposto para que todos vissem se eu gostava ou não. Houve muita raiva em minha vida durante a minha adolescência porque eu não entendia o que estava acontecendo ou pela a que as coisas eram do jeito que eram. Eu tinha bastante ódio de papai por causa de sua negligência e sua atitude de paz e amor. Essa paz e esse amor nunca chegaram até mim. Imagino o que teria sido se ele estivesse vivo hoje. Acho que iria depender de ele ser 'John Lennon' (papai) ou 'John Ono Lennon' (alma perdida e manipulada).
Assim que eu comecei a prestar atenção em sua vida e realmente entendê-lo, comecei a me sentir tão triste por ele. Porque ele outrora havia sido uma luz-guia, uma estrela que brilhava para todos nós, até ser sugado para dentro de um buraco negro e toda a sua força, consumida. Embora ele fosse definitivamente receoso quanto à paternidade, a combinação disso com de sua vida com Yoko Ono conduziu nosso relacionamento ao rompimento. Nós não nos vimos por longos períodos e, como diz o provérbio, fora da vista, fora da memória. Porém os Beatles não desempenharam papel algum ou o que quer que seja em nossa separação.
De qualquer maneira eu só gostaria de dizer que, onde quer que ele esteja, espero que ele perceba os erros que cometeu assim como eu percebi e espere nunca repeti-los. Eu tenho um irmão e amo Sean demais e espero que ele seja capaz de lidar com seu destino. Uma coisa é certa: ele tem um irmão mais velho que vai protegê-lo e amá-lo até o fim, aconteça o que acontecer.
Mantenha o queixo erguido, garoto!
Espero que você faça a coisa certa sobre papai. Tomara que o karma prevaleça.
E papai, onde quer que esteja que sua luz brilhe tanto quanto a nossa!


Julian Lennon
“4 de dezembro, 2000”

Tradução:

Sergio Machado

Rocky Raccoon e a tal "Gideon's Bible"


A “Gideon’s Bible” (Bíblia de Gideon) é na verdade, um produto de uma "empresa" cristão-evangélica dedicada a distribuir cópias da Bíblia em mais de 80 idiomas em mais de 180 países. A empresa ganhou fama por distribuí-las em quartos de hotéis. A empresa foi fundada em 1899 em Boscobel, Wisconsin como uma organização de apoio a Igreja Católica. Começou distribuindo bíblias gratuitas em 1908, quando as primeiras bíblias foram colocadas nos quartos do Hotel Superior em Iron Mountain, Montana. (foto abaixo)

Para ter acesso ao site da empresa, basta clicar no link http://www.gideons.org. Essa distribuição de bíblias acabou virando "conto do vigário" como bem retrata o filme "Lua de Papel" dirigido por Peter Bogdanovich em 1973, onde muitos aplicavam o golpe da bíblia nos anos da Grande Depressão norte-americana. Os cruzamentos de informações são inúmeros! Apenas como curiosidade musical, o tal Rocky Raccoon, o marido traído por Magil, nessa estória ambientada em cenário de Velho Oeste Americano, na verdade acha que o amante de Magil chamava-se Gideon (segundo o próprio McCartney explica!), meio que para estereotipar “Rocky” como um sujeito "tosco".


Ajudando os Viajantes a Manter a Fé


A Gideons foi uma idéia original de dois caixeiros viajantes forçados a compartilhar um quarto em um lotado hotel em Wisconsin em 1898. John Nicholson e Samuel Hill, ambos cristãos evangélicos, deram início a uma organização voltada a viajantes comerciais no ano seguinte. Um terceiro fundador, Will Knights, escolheu o nome Gideons inspirado no nome do herói bíblico citado nos capítulos seis e sete do Livro dos Juízes constante no Velho de Testamento. O Gideon Bíblico abate seus inimigos em batalha, mas foi escolhido como uma figura que colocou a fé e obediência a Deus perante seu próprio julgamento.


Em suma:
Prevalece a máxima: "Business as Usual"... e os Beatles, ou melhor, Paul McCartney,  soube fazer bom proveito do business norte-americano!